sábado, 8 de novembro de 2008

O professor e a leitura

Thaise nos falou da importância dos professores na sua trajetória de ser leitora. Eles têm muito a contribuir e sobre isso concordo com a reflexão do Prof. Júlio Diniz (PUC-Rio) "É necessário que o professor, mediador do processo, seja antes de tudo, um apaixonado leitor, condição indispensável para a orientação do trabalho de uma forma sistemática, sem perder ou inibir as manifestações que possam ocorrer com o aprofundamento da vivência em sala de aula. A voz do professor, apesar de guia, é apenas mais uma no polifônico exercício da leitura". Sugestao de leitura Para refletir... "É o bom leitor que faz o bom livro; em cada livro, ele encontra trechos que parecem confidências ou apartes ocultos para qualquer outro e evidentemente destinados ao seu ouvido; o proveito dos livros depende da sensibilidade do leitor; a idéia ou paixão mais profunda dorme como numa mina enquanto não é descoberta por uma mente e um coração afins". (Ralph Waldo Emerson, em Sociedade e Solidão) Abraço. Angélica Freire

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Ler pode tornar o homem perigosamente humano

Queridos alunos e alunas, retomaremos as nossas atividades. Contarei com a vontade de vocês para além do cansaço do meado do semestre letivo e das chamadas de lojistas que já nos anunciam o Natal e o período de recesso! Contarei, também, com o compromisso selado, embora por alguns velado, de que a escolha de ser um profissional da linguagem ou de enveredar-se pelas discussões que a envolvem é séria, contínua e instigante, não se limitando, portanto, aos espaços e obrigações do meio acadêmico-institucional. Sendo assim, abraçada por esse ideal ultraromântico, convido vocês a refletirem sobre um texto que me encanta pela brincadeira no inteligente discurso revesso.
Ler devia ser proibido (Guiomar de Gramont)
A pensar a fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido. Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Don Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiam, meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tornou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-os em delírios sobre bailes e amores cortesãos.
Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-lo com cabriolas da imaginação.
Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas pra que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que deles esperam e nada mais?
Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem necessariamente ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.
Além disso, o livro estimula os sonhos, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas.
É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.
Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, podem levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, podem estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.
Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos, em um mundo administrado, onde se livre não passa de uma ficção sem nenhuma verossimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista da sua liberdade.
O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contrato, bulas de remédio, projetos, manuais, etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. É esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há correntes, prisões tampouco. O que pode ser mais subversivo do que a leitura?
É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, metrôs ou no silêncio da alcova... Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um. Afinal de contas, a leitura é um poder e o poder é para poucos. Para obedecer, não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.
Além disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos outros sentimentos. A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do outro. Sim, a leitura devia ser proibida.
Ler pode tornar o homem perigosamente humano."
Confiante na leitura "cuidada" e na lupa que construímos no dia-a-dia com a linguagem, aguardo comentários e conversas mais afinadas a partir dessa proibição camuflada. Com afeto. Angélica.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Adiamento

Caros alunos e alunas, Infelizmente, ainda não poderei estar com vocês, pois preciso de um "adiamento" para mim mesma. Sem dizer muito, mas permitindo leituras plurais, cito, a seguir, Pessoa: Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã... Levarei amanhã a pensar depois de amanhã. E assim será possível; mas hoje não... Não, hoje nada; hoje não posso. (...) Os Profs. Francisco (Seminário Lingüística Textual) e Naziozênio (Produção Textual II) acompanharão o trabalho de modo que não fiquemos ausentes tanto tempo das discussões acadêmicas necessárias. Com afeto, Angélica Freire.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Caros alunos e alunas: Estou com problemas de saúde, além de sentir-me fragilizada pela “mudança” situacional e contextual, vários aspectos contribuíram para um mal estar generalizado. Raduan Nassar em seu texto "Lavoura arcaica" nos lembra que é "difícil determinar onde acaba nossa resistência", mas estou certa de que há indícios que não podem ser ignorados. Esses sinais surgiram em mim de uma forma muito assustadora, no fim da tarde de terça-feira, 26 de agosto: travamento da mandíbula e contração dos músculos da face, sintomas decorrentes de situações estressantes. Alguns alunos puderam presenciar tal transtorno. Enfim, estou sob cuidados médicos e precisarei afastar-me da universidade, inicialmente, por um período de quinze dias. Recuperei-me em relação à contração muscular abrupta, mas sob medicação. Agora, preciso cuidar das causas. Para isso, terei de ausentar-me das tarefas de trabalho. Texto do Nassar:

“(...) Meu pai sempre dizia que o sofrimento melhora o homem, desenvolvendo seu espírito e aprimorando sua sensibilidade; ele dava a entender que quanto maior fosse a dor tanto ainda o sofrimento cumpria sua função mais nobre; ele parecia acreditar que a resistência de um homem era inesgotável. Do meu lado, aprendi bem cedo que é difícil determinar onde acaba nossa resistência, e também muito cedo aprendi a ver nela o traço mais forte do homem; mas eu achava que, se da corda de um alaúde --- esticada até o limite --- se podia tirar uma nota afinadíssima (supondo-se que não fosse mais que um arranhado melancólico estridente), ninguém contudo conseguiria extrair nota alguma se a mesma fosse distendida até o rompimento. Era isso pelo menos o que eu pensava até a noite do meu retorno, sem jamais ter suspeitado antes que se pudesse, de uma corda partida, arrancar ainda uma nota diferente (o que só vinha confirmar a possível crença de meu pai de que um homem, mesmo quebrado, não perdeu ainda sua resistência, embora nada provasse que continuava ganhando em sensibilidade)”. (Lavoura Arcaica, p.171-172)

Suponho que a Universidade não providenciará um professor substituto, embora tratarei, ainda, de informar-me sobre tal possibilidade. Entendo que o meu afastamento atrapalhará um pouco o cronograma de estudo para este semestre. Conversarei com o chefe de Departamento para verificar quais são as alternativas possíveis para o momento; mas, de antemão, organizarei leituras para compensar minha ausência e tomarei o nosso blog como ponto de encontro quando me for possível estar no computador, como agora o faço. As leituras, bem como a forma de “aproveitamento”, serão designadas correspondendo ao meu período de afastamento. No momento, não estou podendo concentrar-me para tomar tais medidas; no entanto, assim que for possível, providenciarei o que for necessário. Para encerrar, ainda que por ora, reporto-me mais uma vez a Nassar: Preciso, agora, de tempo e, assim:

“o tempo, o tempo, esse algoz às vezes suave, às vezes mais terrível, demônio absoluto conferindo qualidade a todas as coisas, é ele ainda hoje e sempre quem decide e por isso a quem me curvo cheio de medo e erguido em suspense me perguntando qual o momento, o momento preciso da transposição? Que instante, que instante terrível é esse que marca o salto? Que massa de vento, que fundo de espaço concorrem para levar ao limite?”. (Lavoura Arcaica, p.97)

Conto com a compreensão de todos. Forte abraço. Maria Angélica

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Verificação e avaliação de aprendizagem

Olá!

Escreverei, a seguir, idéias que compreendem, na perspectiva de avaliadora da aprendizagem, a atuação de vocês sob os pontos de vista intelectual e procedimental:

(1) Demonstrar conhecimentos que contemplem reflexões principalmente sobre: processos referenciais e discursivos na leitura e produção de textos; ensino de língua e os diferentes tipos de gramática; os estudos do texto e do discurso como base para repensar a prática pedagógica em língua portuguesa; o funcionamento sociocognitivo e as relações metatextuais e metadiscursivas na produção e intelecção de textos; multiculturalismo e apropriação da escrita; contextualização e ensino. (2) Interpretar, relacionar, apontar e propor direcionamentos teóricos e abordagens metodológicas para uma prática pedagógica significativa à luz das contribuições teóricas estudadas.

Apresentação/Atuação
  • Participação nos encontros presenciais e registros escritos, designados nas interações presencial e a distância.
  • Seminários Formato
  • Impresso (seguir orientações da professora) e online (padrão blogspot)
    Gênero: portfólio - registro diário/aula - postagem quinzenal_sinopse/relatórios (8)

    ***Preparar e produzir registros processuais (portfólios) que impliquem a descrição e a apreciação dos momentos de preparação/estudo/reflexões da aula/encontros, do desenvolvimento da interação blog_aula e o trabalho/atuação a partir da disciplina (reflexões, eventos significativos do pós-aula, idéias, relações e avanços sobre os tópicos abordados, lacunas existentes, tanto no material de apoio/bibliografia indicada quanto no desenrolar das reflexões sob o ponto de vista dos interagentes, e do rendimento/contribuição da professora responsável pela disciplina.

    Datas para postagem (obrigatória) dos relatórios_sinopses do portfólio no blog:
    28/08; 11/09; 30/09; 16/10; 30/10;13/10;27/11 e 11/12 (oito relatórios)
    Prazo máximo para atraso: dois dias a contar da data especificada.
    • O aluno poderá postar seu relatório após o prazo, mas não receberá a pontuação indicada para o critério pontualidade.
    • Os relatórios_sinopses do portifólio registrados no blog_aula deverão integrar-se ao documento final impresso.
      *Critérios para avaliação:
      Competências Textuais-discursivas:
      Gramaticais: 1- Estrutura do período
      sintaxe e estilo (Concordância nominal e verbal, regência nominal e verbal, composição da oração e do período) 2- Ortografia, pontuação e crase 3- Modalidade ( Adequação à modalidade escrita ou oral, se for o caso. Uso adequado da variedade da língua, isto é, formal, informal, coloquial, conforme o contexto de uso). Relativas à tipologia textual e ao gênero: 1- Adequação ao gênero discursivo (relatório, resenha, portifólio, seminário, blog). 2- Coesão e coerência. 3- Efeito sentido verdade/argumentação; 4- Defesa consistente do ponto de vista. 5- Uso adequado da tipologia básica (narração; dissertação, argumentação, descrição) na composição textual.
      OUTROS:
      Competência comunicativa Intelectual/Procedimental Pontualidade Assiduidade/Participação Fundamentação teórica; Exposição/domínio/escrita e oralidade Conteúdo – Tratamento/ complementação / aprofundamento / Referências bibliográficas Organização (seqüência expositiva; articulação entre os membros do grupo_SEMINÁRIOS) Recursos (preparação de materiais e variação) // Resumo/material para a turma_SEMINÁRIOS). Como a avaliação é processual, haverá encontros agendados para acompanhamento do material em produção. Nota 1: relatórios e prova* (avaliar o contexto_ensino/aprendizagem); Nota 2: relatórios e seminário; Nota 3: relatórios e portfólio (processual) Para finalizar por ora... Vocês identifica(ra)m, portanto, que a escrita (é)será o exercício constante nesta jornada de estudo comigo. Espero que gostem! Estou na expectativa de boas e significativas construções discursivas. Lembrem-se de que: "Não, não é fácil escrever. É duro como quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espelhados" (Clarice Lispector) Com afeto, Maria Angélica.

      Nosso cronograma de encontros presenciais

      Olá!
      A seguir, vcs têm uma prévia dos nossos encontros presenciais, conforme calendário acadêmico, bem como a minha agenda de participação em Eventos científicos. Programaremos atividades extraclasse para corresponder aos encontros que aconteceriam nas datas destacadas para os eventos listados.
      Indicação de links:
      http://www.educacao.uerj.br/ - 22 a 24 de setembro (aguardando confirmação)
      http://www.textoecultura.ufc.br/abert.html - 29 de outubro a 01 de novembro
      Embora as nossas conversas tenham como mote as questões de texto e discurso, há um direcionamento específico para as disciplinas Produção Textual II e Seminário II (Lingüística Textual), conforme plano de curso.
      Agosto 2008 – 15 Dias Letivos 12 INÍCIO DAS AULAS DO PERÍODO LETIVO 2008.2 12;14;19;21;26;28;
      Setembro 2008 – 27 Dias Letivos 2;4;9;11;
      16
      2º Simpósio de Hipertexto e Tecnologias na Educação - UFPE (17 a 19/09) -- (Não haverá aula) – Tarefa agendada 18 2º Simpósio de Hipertexto e Tecnologias na Educação (17 a 19/09) – UFPE -- (Não haverá aula) – Tarefa agendada 23 Evento Infância e Juventude (aguardando confirmação) 25;30 Outubro 2008 – 25 Dias Letivos 2;7;9;14;16;21;23;28 Dia do Servidor Público – Definido Pelo Art. 236 da Lei N.º 8.112, de 11.12.1990 (Ponto Facultativo) 30 Novembro 2008 – 23 Dias Letivos 4;6; 11;13;18;20;25;27; Dezembro 2008 – 10 Dias Letivos 2;4;9; 11 CONCLUSÃO DAS AULAS DO PERÍODO LETIVO 2008.2 15 a 19 Digitação do Resultado Final do Rendimento Acadêmico dos Alunos Referente ao Período Letivo 2008.2 18 Último Dia para Realização de Exame Final do Período Letivo 2008.2 19 Publicação do Resultado Final do Período Letivo 2008.2 pelos Departamentos de Ensino

      segunda-feira, 18 de agosto de 2008

      Um início

      Leitura partilhada...
      Um tigre de papel Marina Colassanti[1] Sabendo que a ele caberia determinar seus movimentos e controlar sua fome, o escritor começou lentamente a materializar o tigre. Não se preocupou com descrições de pêlo ou patas. Preferiu introduzir a fera pelo cheiro. E o texto impregnou-se do bafo carnívoro, que parecia exalar por entre as linhas. Depois, com cuidado, foi aumentando a estranheza da presença do tigre na sala rococó em que havia decidido localizá-lo. De uma palavra a outra, o felino movia-se irresistível, farejando o dourado de uma poltrona, roçando o dorso rajado contra a perna de uma papeleira. Em vez de escrever um salto, o escritor transmitiu a sensação de movimento com uma frase curta. Em vez de imitar o terrível miado, fez tilintar os cristais acompanhando suas passadas. Assim, escolhendo o autor as palavras com o mesmo sedoso cuidado com que sua personagem pisava nos tapetes persas, criava-se a realidade antes inexistente. O quarto parágrafo pareceu ao escritor momento ideal para ordenar ao tigre que subisse com as quatro patas sobre o tamborete de petit-point. E já a fera aparentemente domesticada tensionava os músculos para obedecer quando, numa rápida torção do corpo, lançou-se em direção oposta. Antes que chegasse a vírgula, havia estraçalhado o sofá, derrubado a mesa com a estatueta de Sévres, feito em tiras o tapete. Rosnados escapavam por entre letras e volutas. O tigre apossava-se da sua natureza. Já não havia controle possível. O autor só podia acompanhar-lhe a fúria, destruindo a golpes de palavras a bela decoração rococó que havia tão prazerosamente construído, enquanto sua criatura crescia, dominando o texto. Impotente, via aos poucos espalharem-se no papel cacos de móveis e porcelanas, estilhaçar-se o grande espelho, cair por terra a moldura entalhada. Não havia mais ali um animal exótico na sala de um palácio, mas um animal feroz em seu campo de batalha. O escritor esperava tenso que o cansaço dominasse a fera, para que ele pudesse retomar o domínio da narrativa, quando o viu virar-se na sua direção, baixar a cabeça em que os olhos amarelos o encaravam, e lentamente avançar. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, a enorme pata do tigre abatendo-se sobre ele obrigou o texto ao ponto final. [1] COLASSANTI, Marina. Contos rasgados de amor, Rio de Janeiro, Rocco, 1986.

      O Escritor, o leitor

      Caros alunos e alunas, olá!
      Como vcs identificam, este é um espaço para nossa interação e permitirá o estabelecimento de um vínculo, necessário e importante, para a construção da aprendizagem neste semestre, período em que dialogaremos sobre assuntos diversos na área de linguagem, mais especificamente, nos contextos de produção (intelecção e escrita de textos) e usos de linguagem. Estudos do texto e do discurso, portanto, serão a base para nossas reflexões. Será importante considerar que se trata de um espaço em construção, contínua e colaborativa, que requer compromisso, interlocução e partilha de idéias. Precisará do nosso cuidado e acompanhamento constantes. Conto com vocês!!!
      Um forte abraço.
      Sejam bem-vindos.
      Profa Maria Angélica